quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Demitido usa rescisão de R$ 12 mil para exportar chinelo 'quadrado' 26

 Um calçado fora dos padrões tem feito o ex-motorista de ônibus Moisés Dias Pena, 54, ganhar espaço no varejo de calçados. Ao todo, 15 lojas multimarcas no Brasil e mais sete nos Estados Unidos e em Portugal revendem o produto: o chinelo quadrado, que apesar do nome, tem o formato retangular.
CORREÇÃO

    Chinelos "quadrados" não foram patenteados pelo empresário
    Moisés Dias Pena

O calçado lembra o formato do tamanco japonês, também conhecido como "geta", feito de madeira. A diferença é que as peças de Pena são feitas de borracha.

Pena montou a Kuatro Kantos, fabricante do calçado, após ser demitido, e receber uma indenização de cerca de R$ 12 mil.

Em agosto de 2011, enquanto estava parado em um semáforo em frente ao shopping Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo (SP), ele viu uma mulher atravessar na faixa de pedestres com os dedos saltando para fora da sandália. Foi aí que surgiu a ideia do negócio.

"Pensei comigo mesmo que se ela estivesse usando um chinelo com o bico quadrado aquilo não aconteceria", diz Pena.

No dia seguinte, ele comprou um pedaço de borracha e fez o primeiro modelo do chinelo. A primeira a ver foi sua mulher, que demonstrou certa desconfiança.

"Minha mulher me olhou e disse 'é esse tribufu aí?' Pedi a ela para ter calma e expliquei que era apenas um protótipo", afirma o ex-motorista.

Durante quatro meses, Pena aproveitava os dias de folga no trabalho para fazer melhorias nos chinelos. Quando chegou ao produto que considerava ideal, fez o pedido da patente no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e da marca, a Kuatro Kantos.

Segundo o advogado especialista em marcas e patentes Marcelo Manoel Barbosa, o registro de uma patente pode levar até dez anos para ser concedido. "Nesse tempo, nada impede que dois processos de registro de uma mesma ideia sejam analisados simultaneamente. Ao final, o INPI decidirá quem terá a patente sobre o produto", diz.

Após fazer o pedido de registro, Pena resolveu conferir se o consumidor aprovaria ou não o produto. Ele foi ao centro da capital paulista fazer uma pesquisa de mercado. O empresário mostrou dois modelos que produziu para cem pessoas e perguntou se elas usariam um deles: 99 disseram que sim e uma disse que talvez.

Para finalmente colocar seus planos em prática, faltava algo importante: o capital para iniciar a produção. O recurso, no entanto, veio de forma inesperada. Após 18 anos como motorista de ônibus na mesma empresa, Pena foi demitido.

O dinheiro da rescisão, cerca de R$ 12 mil, foi investido na compra de uma tonelada de borracha colorida e uma máquina de corte para começar a produção dos chinelos quadrados nos fundos de sua casa, na Zona Leste de São Paulo.

O espaço tinha 15 m². Um ano depois, a empresa ocupa um galpão alugado de 150 m², com escritório e loja de fábrica, aberta apenas para lojistas com interesse em revender os chinelos.

"Estamos estudando a possibilidade de abrir uma loja para venda direta ao consumidor. Mas, no momento, ainda não temos capacidade de produção para isso", declara Pena.

Mensalmente, a Kuatro Kantos produz 800 pares de chinelos e fatura R$ 20 mil. O preço de revenda para o consumidor final varia de R$ 25 a R$ 70. A empresa não divulga o valor de venda para lojistas.

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