segunda-feira, 4 de abril de 2016

Os diabinhos de Manchester, Jogadores da Base fazendo a diferença em um dos clubes mais famosos do mundo.



















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A ascensão do jovem Marcus Rashford só vem a comprovar um fato conhecido há décadas; O centro de treinamento de Carrington, em Manchester, é um verdadeiro celeiro onde se cria grandes talentos. Desde a class of 92, a academia de futebol do Manchester United tornou-se referência mundial e passou a abastecer frequentemente o time principal. Tanto que, até setembro de 2015, o clube detinha o recorde de 3753 partidas consecutivas utilizando um jogador da base no time titular.

Vinte e quatro anos após o lançamento de Giggs, Scholes, Gary e Phil Neville, Nicky Butt e Beckham, Old Trafford volta a ser o palco de estreia daqueles que, em um futuro bem próximo, podem significar parcela considerável dos maiores talentos do futebol inglês – e até mundial.

Se em termos de metas e resultados a comissão vem deixando a desejar, no que diz respeito ao incentivo e o lançamento de joias da base, tem sido impecável! Sim, meus caros, a reformulação está estampada na cara, seja em razão da quantidade absurdas de lesões ou em decorrência de erro de planejamento, inúmeros são os jovens jogadores que já integram o plantel principal. O Manchester é sem dúvidas o gigante com maior número de sub-23 atuando no profissional. ” The Van Gaal babes” – em alusão aos Busby babes – são a maior esperança de futuro para o maior campeão inglês.

Mesmo que a política de contratações seja pautada na caça de jovens talentos, como  Luke Shaw (19), Memphis Depay (21) e Anthony Martial (20), a produção caseira continua a todo vapor! Nomes como o de Borwthick Jackson (18), Varela (22), Lingard (23) e Januzaj (21) já se tornaram rotina nos arredores do velho teatro – o último, apesar de estar em baixa, é herdeiro da camisa 11 do lendário Giggs.

Os Red Devils acreditam que apostar em juventude é a única forma de manter a chama acesa sem deixar o clube perder sua identidade. Nesta sintonia, que tal conhecer um pouco mais sobre os principais diabinhos de Manchester? Tanto os que já atuam no time de cima, quanto os que a qualquer momento podem dar às caras por lá. Sob o comando de Warren Joyce, treinador do sub-21, e de Nicky Butt, recém nomeado gerente das categorias de base, o futuro do United é brilhante. Em mãos certas, esses pequenos fragmentos podem ser lapidados e transformarem-se em pedras preciosas.

1. Marcus Rashford
O diamante negro! O garoto sensação que, até janeiro, só os torcedores mais fanáticos conheciam é um dos grandes (se não o maior) talentos da base. Não à toa, está surpreendendo até a própria comissão técnica pela maturidade e poder de decisão. Nos seus dois primeiros jogos, marcou incríveis quatro gols e deu uma assistência, com direito a “man of the match” contra o Arsenal. Isso não é para qualquer um, né? Para provar que não foi mero lampejo, ainda marcou o gol decisivo na vitória diante do City, em derby que foi crucial para manter os devil’s na briga por vaga na Champions.

O garoto, de apenas 18 anos e 141 dias, assumiu o posto de mais jovem a marcar na história do Derby de Manchester, que há décadas pertencia a Giggs.

O jovem sensação da temporada chegou ao United em 2005, vindo do pequeno Moss Rangers. O peculiar é que, na época, o jovem esnobou o City em detrimento do clube que desde sempre foi torcedor, o United! Com passagens pelas seleções sub-16 e sub-18 e recém convocado para a sub-21, o garoto nunca foi muito badalado, mas sempre se consolidou como referência nas categorias de base do clube.

O lançamento dele no profissional ocorreu por uma série de fatores que só comprovam que tudo foi obra do destino. Com a lesão de Rooney, Martial tornou-se o único atacante disponível e o reserva imediato passou a ser Will Keane, destaque do sub-21, que também se lesionou dias após sua promoção. A vaga de reserva imediato passou, então, a ser do jovem Rashford, que estava sossegado e pouco badalado na reserva. Porém, logo na estreia, o garoto ganhou os holofotes quando viu Martial se lesionar no aquecimento para o jogo diante do Midtjylland. Van Gaal não titubeou ao apostar e o resto é história. Dois golaços.


2. Callum Gribbin
Callum-GribbinÉ o fiel escudeiro de Rashford. Na verdade, até o início da temporada era o inverso; ele quem era o protagonista badalado enquanto Rashford era coadjuvante. Por ironia do destino, seu parceiro estourou antes. Gribbin é o típico camisa 10, jogador de técnica apurada e com uma precisão única no pé esquerdo. É um exímio cobrador de faltas. Não à toa é o grande destaque do sub-18 do Manchester, inclusive jogando frequentemente como titular no sub-21

Atua como meio campista e faz basicamente todas as funções do setor, com um dinamismo único e muita visão de jogo. É o clássico meia com leves tons de modernidade em razão da boa capacidade de drible, condução de bola e recomposição. Já consolidado nas seleções de base do English Team, é questão de tempo vermos no time principal.


3. Talento canarinho lapidado em Carrington
Andreas Pereira é filho de brasileiros. Nascido e criado na Bélgica, esnobou ser parte da OGB (leia-se “ótima geração belga”) e mesmo diante de uma crise institucional sinistra, optou por defender as cores verde e amarelo, muito em razão de Alexandre Gallo, que fez um enorme esforço de valorização pelo atleta. Pereira o correspondeu logo de cara, sendo um dos destaques da seleção sub-20, marcando um GOLAÇO na final do mundial. Antes disso, ele atuou por todas as seleções de base da Bélgica.



Aos 20 anos e namorando com o profissional há um bom tempo, Pereira se destaca pela capacidade técnica e incrível precisão nos passes, lançamentos e tentos ao gol adversário. Ambidestro e cirúrgico em faltas/escanteios, o jogador é muitíssimo admirado por Juninho Pernambucano. Só isso, né? No Manchester desde 2012, é a grande referência de toda a base do clube. É um dos maiores candidatos a ser o próximo camisa 10 do United.


4. Fosuh Mensah
Timothy-598574É um negro maravilhoso no mais completo sentido da terminologia. Dotado de um vigor físico único e uma incrível capacidade de adaptação tática, onde não por acaso se tornou referência no sub-18. Força e versatilidade definem o jogador. Chegou ao United em 2014, vindo do Ajax e é um típico líder de defesa, não à toa é capitão da seleção sub-17 da Holanda e do próprio Manchester United.

Mensah pode atuar como defesa central, lateral (direito ou esquerdo) ou volante. É, no caso, um Blind negro – só que com mais força e velocidade, lógico que não com a mesma classe e técnica do “ceguinho” (perdão pelo trocadilho infame). A capacidade física dele assusta, é um jogador de muita explosão e recuperação, o que fez o treinador Warren Joyce do sub-21 se encantar por ele. Como diria Alcione, é um verdadeiro príncipe negro feito à pincel.

O holandês já tem no curriculum algumas atuações pelo time principal, onde foi muito elogiado por Giggs e Rio Ferdinand.


5. Regan Poole
Regan-Poole-Manchester-United-Cardiff-City-647922É um jovem galês, oriundo de Cardiff, que chegou ao United em 2015, muito por influência de Ryan Giggs. Com apenas 18 anos e frequentando veementemente o banco de reservas nos profissionais, ele é um defensor em sentido amplo, pode jogar de zagueiro ou volante, muito em função de sua ótima visão de jogo e qualidade no passe. Poole é mestre na arte de ocupação de espaços e execução da transição defesa-ataque com bola ao chão. Muito técnico e com um estilo de jogo que agrada muito Louis van Gaal, é questão de tempo para ganhar a primeira chance no time de cima.


6. Joe Riley
Joe-Riley-with-Cristiano-RonaldoJogador com excelente visão de jogo. É perfeccionista naquilo que faz, seja com passes, cruzamentos ou ocupação campal. Participativo, aplicado e polivalente, estas são algumas das características daquele típico cara que joga para o time e sempre almeja a vitória coletiva. Foi descrito pelo ex-treinador Paul McGuinness como peça chave de seu esquema tático e por isso sagrou-se como melhor jogador do torneio Mercedes Benz Junior Cup, na Alemanha, já sob o comando do excelente Warren Joyce.

E para fins de história, será que ele é identificado com o United? É prata da casa no sentido mais completo possível da terminologia.

No time principal, atuou como lateral esquerdo e, apesar de ser destro, não deixou a desejar em nada. Energético, incisivo, determinado e aguerrido, o jogador chamou muita atenção nas duas atuações que teve, sobretudo diante do Shrewsbury Town, pela FA CUP. A posição de origem dele é o meio campo, costuma jogar bem aberto pelo lado esquerdo, o que talvez justifique sua facilidade em jogar na lateral.


7. James Weir
01_12191215_0292a5_2638405aPara finalizar, temos o mais velho de todos, que finalmente deu as caras pelo profissional. Antes de tudo, é válido ressaltar que James Weir (imagem abaixo) não é o irmão gêmeo desaparecido do Marlone ou um filho bastardo do David Moyes, apesar da grande semelhança. Seguido de perto por Sean Goss, Weir é simplesmente o volante mais qualificado das categorias de base mancuniana. Aos 21 anos, estreou no jogo contra o Arsenal entrando no lugar de Herrera já nos acréscimos e tem tudo para ficar com a vaga de Carrick, quando este vier a se aposentar.


8. Sean Goss
Já que citamos o Sean Goss, vamos apresenta-lo, não é? Este é outro volante de bom recurso. De técnica refinada, ótimo cobrador de faltas e tem um passe diferenciado. Teve a oportunidade de participar da pré-temporada nos Estados Unidos, no entanto, ainda não se mostrou maduro psicologicamente para galgar seus primeiros passos no plantel principal.

Outros nomes poderiam facilmente ser inclusos, como os de Dean Henderson, o goleiro do sub-18 ou de Joel Pereira, do sub-21. Também o belíssimo defensor de 18 anos, Axel Tuanzebe merece menção tanto quanto o atacante Fletcher, de 21 anos, que tem sido visto de perto por Ryan Giggs e Van Gaal.

9. McGhee
McGheeAlém do pequeno Dion McGhee, de apenas 15 anos. O pequenino é a grande sensação do sub-15 do Manchester e é famoso por ser um jogador liso como sabão. Em oportunidade de entrevista-lo, o mesmo ressaltou que é um grande fã do futebol brasileiro e que se inspira em Neymar e Ronaldinho. Na ocasião, McGhee disse que é “torcedor” do Atlético-PR, clube que teve oportunidade de enfrentar em um campeonato na Alemanha, quando ainda integrava o sub-13.

Enfim, conhecida a pífia política de contratações do Manchester United comandado por Ed Woodward, resta ao torcedor o otimismo de saber que o futuro do clube é brilhante! Em boas mãos, talentos como estes podem ser lapidados e se tornarem um dia aquilo que a última belíssima geração, aposentada recentemente, representou para o maior campeão inglês.

Se o presente é difícil e o futuro é incerto, ter pratas da casa nesse nível e quantidade é indício de que talento não haverá de faltar nos gramados do velho teatro.

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